Vestibular: questões de Literatura com gabarito – Barroco – 21 a 35
Barroco – questões 21 a 35
21. (CENTEC-BA) Não é caracterÃstica do Barroco a:
- preferência pelos aspectos cientÃficos da vida.
- tentativa de reunir, num todo, realidades contraditórias.
- angústia diante da transitoriedade da vida.
- preferência pelos aspectos cruéis, dolorosos e sangrentos do mundo, numa tentativa de mostrar ao homem a sua miséria.
- intenção de exprimir intensamente o sentido da existência, expressa no abuso da hipérbole.
22. (FEI-SP) O soneto abaixo transcrito pertence à obra de Gregório de Matos Guerra. Leia-o com atenção:
“Ofendi-vos, meu Deus, bem é verdade,
É verdade, Senhor, que hei delinqüido,
Delinqüido vos tenho e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
Maldade, que encaminha a vaidade,
Vaidade, que todo me há vencido;
Vencido quero ver-me e arrependido,
Arrependido a tanta enormidade.
Arrependido estou de coração,
De coração vos busco, dai-me os braços,
Abraços, que me rendem vossa luz.
Luz, que claro me mostra a salvação,
A salvação, pretendo em tais abraços,
Misericórdia, amor, Jesus, Jesus.
Agora, responda: Gregório de Matos Guerra escreveu:
- apenas poesia sacra
- poesia lÃrica, religiosa e amorosa e sátiras
- poesia lÃrica e satÃrica
- apenas poesia satÃrica
- apenas poesia lÃrica
23. (MACK-SP) Sobre a obra de Bocage, é correto afirmar que:
- pode ser colocada como o ponto máximo da poesia romântica portuguesa.
- a sátira ocupa o lugar de maior importância em seu desenvolvimento.
- basicamente se faz de anedotas, todas se aproximando da obscenidade grosseira.
- não supera as regras e as coerções literárias e sociais ligadas ao movimento arcádico.
- seus sonetos contêm o mais alto sopro de seu talento lÃrico, sendo considerado um dos maiores sonetistas da LÃngua.
24. (CEFET-MG) Ardoroso defensor da liberdade do homem, lutou contra a escravização do Ãndio e a desumanidade com que eram tratados os escravos. Considerado, pela crÃtica literária, o maior exemplo de conceptismo em LÃngua Portuguesa. Trata-se de:
- Padre José de Anchieta.
- Gregório de matos.
- Padre Antônio Vieira.
- Padre Eusébio de Matos.
- Bento Teixeira.
25. (CEFET-MG) Das alternativas abaixo, apenas uma não apresenta caracterÃsticas da obra do poeta barroco Gregório de Matos. Assinale-a:
- Sentido vivo de pecado aliado à busca do perdão e da pureza espiritual.
- Poesia com força crÃtica poderosa, pessoal e social, chegando à irreverência e à obscenidade.
- Destaca a beleza fÃsica da amada e a sua transitoriedade.
- Realça a beleza da flora, fauna e da paisagem brasileiras, em manifestação nativista.
- Tentativa de conciliar elementos contraditórios, busca da unidade sob a diversidade.
26. (UFRS) Considere as afirmações abaixo.
I. A obra de Gregório de Matos centrava-se em dois pólos temáticos, a religião e a vida amorosa, que se concretizam, na sua poesia, no conflito entre o pecado e o prazer.
II. Para concretizar esses conflitos, Gregório de Matos fez uso freqüente de figuras retóricas como antÃteses e paradoxos.
III. A crÃtica social que se pode encontrar nos poemas de Gregório de matos dirige-se principalmente aos homens públicos da Bahia do século XVII.
Quais estão corretas?
- Apenas I
- Apenas II
- Apenas I e II
- Apenas I e III
- I, II e III.
27. (UEL-PR) Assinale a alternativa em que se considera a produção literária no Brasil do século XVI.
- Uma literatura religiosa de cunho estritamente indianista.
- Uma literatura brasileira, feita segundo padrões do classicismo português.
- Uma importante produção de poesia lÃrica e épica, a partir de temas brasileiros.
- Uma literatura de viagem de grande valor estético e cultural.
- Uma literatura religiosa e informativa de fraco valor estético.
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28. (UEL)
“Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
De pó te fez espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te”.
A estrofe acima enquadra-se no estilo da época
- arcádico, pela simplicidade da expressão coerente com a idealização da natureza.
- simbolista, pela utilização de elementos do mundo exterior para representação de um estado de espÃrito.
- romântico, pela froxidão do verso e o desencanto em relação à condição humana.
- parnasiano, pela construção apurada do verso.
- barroco, pelo jogo de conceitos tradutor de angústia metafÃsica e religiosa.
29. (VUNESP) Assinale o que for incorreto, sobre Gregório de Matos.
- Divide-se a poesia lÃrica de Gregório de Matos em três temáticas: poesia lÃrica amorosa; poesia lÃrica reflexiva; poesia religiosa.
- Na lÃrica amorosa de Gregório de Matos, o elogio da formosura da mulher é, comumente, vasado em comparações e metáforas associadas à natureza, celebrando a superioridade daquela perante esta.
- Ao elogio da beleza feminina costuma somar-se o tema do “carpe diem”, em que o poeta convida a amada a desfrutar os prazeres da vida: Goza, goza da flor da mocidade”.
- “carpe diem” ganha um tom de apelo dramático urgente, quando associado aos temas da fugacidade do tempo e da efemeridade de todas as coisas: “Oh não aguardes que a madura idade/ Te converta essa flor, essa beleza,/ Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada“.
- Tendo em vista os preceitos morais e religiosos da Contra-Reforma, o poeta nunca recua perante a tentação erótica: “Olhos meus, disse então por defender-me,/ Se a beleza heis de ver para matar-me,/ Antes olhos cegueis, do que eu perder-me“.
30. (UFV) Leia o texto:
“Goza, goza da flor da mocidade,
que o tempo trota a toda ligeireza,
e imprime em toda flor sua pisada.
Ó não aguardes que a madura idade
te converta essa flor, essa beleza,
em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.”
(Gregório de Matos)
Os tercetos acima ilustram:
- caráter de jogo verbal próprio da poesia lÃrica do séc. XVI, sustentando uma crÃtica à preocupação feminina com a beleza.
- jogo metafórico do Barroco, a respeito da fugacidade da vida, exaltando gozo do momento.
- estilo pedagógico da poesia neoclássica, ratificando as reflexões do poeta sobre as mulheres maduras.
- as caracterÃsticas de um romântico, porque fala de flores, terra, sombras.
- uma poesia que fala de uma existência mais materialista do que espiritual, própria da visão de mundo nostálgico-cultista.
31. (UFRS) Considere as afirmações abaixo:
I. Barroco literário, no Brasil, correspondeu a um perÃodo em que o incremento da atividade mineradora proporcionou o desenvolvimento urbano e o surgimento de uma incipiente classe média formada por funcionários, comerciantes e profissionais liberais.
II. Uma das feições da poesia barroca era o chamado conceptismo – exploração de conceitos e idéias abstratas através de evoluções engenhosas do pensamento.
III. A ornamentação da linguagem, que caracterizou o Barroco brasileiro, pode ser identificada pelo uso repetido de jogos de palavras, pela construção frasal e pelo emprego da antÃtese.
Quais estão corretas?
- Apenas I
- Apenas II
- Apenas III
- Apenas II e III
- I, II e III
32. (UFRS)
“Três dúzias de casebres remendados,
Seis becos, de mentrastos entupidos,
Quinze soldados, rotos e despidos,
Doze porcos na praça bem criados.
Dois conventos, seis frades, três letrados,
Um juiz, com bigodes, sem ouvidos,
Três presos de piolhos carcomidos,
Por comer dois meirinhos esfaimados.”
Sobre esses versos de Gregório de Matos Guerra são feitas as seguintes afirmações:
I. poema retrata criticamente a sociedade brasileira do século XVII, permitindo identificar um dos ramos da poesia desse poeta.
II. conteúdo satÃrico e a linguagem grosseira dos versos associam o poema à lÃrica amorosa e religiosa do autor.
III. Falando em primeira pessoa, em tom confessional, o autor desses versos manifesta uma visão preconceituosa e unilateral da sociedade brasileira colonial.
Quais estão corretas?
- Apenas I
- Apenas II
- Apenas III
- Apenas I e II
- Apenas I e III
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33. (UFRS) Assinale a alternativa incorreta sobre o Sermão da sexagésima.
Pregado em 1655, na capela real de Lisboa, é chamado “A palavra de Deus” e trata da arte de pregar. Condenando o exibicionismo daqueles que praticavam uma sermonÃstica ornamental, interessados no aplauso da corte, Vieira ironizava: “Ah Pregadores! os de cá, achar-vos-eis com mais Paço; os de lá, com mais passos…”
- Na citação contida na alternativa anterior, nota-se o uso das figuras: apóstrofe, antÃtese, zeugma, trocadilho e ironia. Essa concentração de figuras, tÃpica do Barroco, é exemplo de uma contradição desse sermão, uma vez que condena o ornamentalismo cultista e, mesmo assim, o pratica.
- A contradição apontada na alternativa b explica-se pelo fato de o ataque de Vieira voltar-se não propriamente contra os elementos formais do estilo, mas contra a manipulação desses elementos para realizar propósitos alheios ao verdadeiro zelo apostólico. Essa crÃtica tinha como alvo os padres dominicanos, rivais dos jesuÃtas, e, especialmente o Frei Domingos de S. Tomás, famoso pela oratória gongórica, que Vieira condenava.
- conceito predicável desse sermão é dado na frase latina: “Semem est verbum Dei” (a palavra de Deus é semente), S. Lucas, VIII, 11. A partir dela, Vieira articula seu discurso, analisando cada elemento em suas variadas e surpreendentes possibilidades de sentido, valendo-se da lógica mais rigorosa, exemplificada com passagens bÃblicas e de autoridades eclesiais, mas, nesse caso especÃfico, deixando de lado sua poderosa imaginação, as analogias e as metáforas que o celebrizaram como orador sacro.
- Esse sermão é exemplo de estilo conceptista, de que o padre Vieira foi o mais bem realizado autor, na prosa portuguesa seiscentista.
34. (UFRS) Assinale a alternativa incorreta sobre o Sermão de Santo Antônio aos peixes.
- Sermão alegórico pregado na cidade de São LuÃs do Maranhão, no ano de 1654. Seu ponto de partida está na citação do Evangelho de Mateus, na passagem que diz “Vos estis sal terra‘ (Vós sois o sal da terra), a propósito dos pregadores.
- Dizendo que a função do sermão é análoga à do sal, isto é, evitar a corrupção, Vieira assim identifica as duas possÃveis causas de existência de tanta corrupção na terra: “ou porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar“.
- Explicitando as metáforas contidas na citação da alternativa anterior, Vieira levanta as seguintes hipóteses sobre a corrupção que se verifica na terra: “ou o sal salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber“.
- Vieira recrimina que os peixes devorem-se mutuamente, mas assinala que entre os homens dá-se o mesmo, piorado: “…vedes aquele subir e descer as calçadas, vedes aquele entrar e sair, sem quietação, nem sossego? Pois tudo aquilo é andarem buscando os homens como hão de comer, e como se hão de comer“.
- Dirigindo-se aos peixes do mar, Vieira, na verdade, fala aos homens, mostrando-lhes os próprios vÃcios. Vieira louva nos peixes sua afeição natural pelos humanos, dizendo que o preço desse convÃvio é a perda da liberdade.
35. (UFRS) Leia o texto e assinale a alternativa incorreta a seu propósito.
“A morte tem duas portas. Uma porta de vidro, por onde se sai da vida; outra porta de diamante, por onde se entra à eternidade. Entre estas duas portas se acha subitamente um homem no instante da morte, sem poder tornar atrás, nem parar, nem fugir, nem dilatar, senão entrar para onde não sabe, e para sempre. Oh que transe tão apertado! oh que passo tão estreito! oh que momento tão terrÃvel! Aristóteles disse que entre todas as coisas terrÃveis, a mais terrÃvel é a morte. Disse bem; mas não entendeu o que disse. Não é terrÃvel a morte pela vida que acaba, senão pela eternidade que começa. Não é terrÃvel a porta por onde se sai; a terrÃvel é a porta por onde se entra. Se olhais para cima: uma escada que chega ao céu; se olhais para baixo: um precipÃcio que vai parar no inferno. E isto incerto”.
- Passagem famosa do Sermão da Quarta Feira de Cinza, celebrado em Roma, em 1670. O tema canônico desse sermão encontra-se no livro bÃblico do Gênese, 3, 13, nas palavras de Deus a Adão: “Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris” (“Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó voltarás”), que constitui seu conceito predicável.
- As metáforas das portas estabelecem uma relação antitética: a imagem do vidro desperta a noção de efemeridade das coisas da vida, que regressa ao pó de onde veio, uma vez que o vidro é feito de areia; a imagem do diamante se associa a noção de perenidade, significando o inÃcio da vida eterna.
- A doutrina expressa por Vieira nessa passagem, por ser fundamentada em Aristóteles, contrariava a visão canônica da igreja católica contra-reformista, especialmente por dizer que a existência do inferno era incerta.
- Nota-se bem a influência da doutrina contra-reformista, na visão ameaçadora e terrÃvel que o texto apresenta a propósito da vida eterna. A autoridade da filosofia grega é invocada, embora declarando sua inferioridade perante o pensamento cristão.
- A imaginação serve de apoio à demonstração de idéias, dispostas racionalmente e valorizadas por um estilo que sabe valer-se das figuras de construção, como a anáfora, de pensamento, como a antÃtese, e tropos, como a metáfora, para, com eloquência, melhor persuadir. Essas marcas permitem enquadrar o fragmento acima no estilo conceptista Barroco.
Origens da Literatura Brasileira
Ãndice e gabarito das questões de Literatura