Meus Olhos (Jorge de Lima)
MEUS OLHOS Nossa Senhora, minha madrinha, tu vês as coisas verdes, não é? Meus olhos pretos, coitados deles! Teus olhos verdes, felizes deles, minha madrinha, Nossa Senhora da Conceição! Nossa Senhora, dá-me teus olhos para eu ver com eles meus pobres olhos. Coitados deles, minha madrinha, só vêem as coisas como elas são. Nossa Senhora, […]
Flos Sanctorum (Jorge de Lima)
FLOS SANCTORUM Santa Bárbara que nos livra do corisco. São Bento que cura mordida de cobra, São Gonçalo casador. São Jorge que me cedeu o seu nome pra meu pai me batizar, que escolheu o seu dia pra eu chegar nesse mundo, que só não me deu seu cavalo porque o pobre do bichinho não […]
Minha Sombra (Jorge de Lima)
MINHA SOMBRA De manhã a minha sombra com meu papagaio e o meu macaco começam a me arremedar. E quando eu saio a minha sombra vai comigo fazendo o que eu faço seguindo os meus passos. Depois é meio-dia. E a minha sombra fica do tamaninho de quando eu era menino. Depois é tardinha. E […]
Santa Rita Durão (Jorge de Lima)
SANTA RITA DURÃO Durão! que apelido bom para um caboclo pachola, caboclo de bagaceira ou cangaceiro do sertão, capaz de bancar Caramuru no bando de Lampião! Mas teu Brasil, Caramuru, não tem sertão, nem sul, nem norte, nem no teu mato há catolé, oiticoró, cabaço de marimba, barbatimão! Nas tuas roças não tem banana-samburá, não […]
Comidas (Jorge de Lima)
COMIDAS Comer efó, pimenta, jiló! Iaiá me coma, sou quimbombô! Cobrei sustância com mocotó! Iaiá me diga, nessa comida você botou mulata em pó? Iaiá me coma sou quimbombô! Ai Bahia de Todos os Santos, até nos pecados das comidas, você botou nome santo? Papos-de-anjo, Peitinhos-de-freira, Quindins-de-convento, Fatias-da-sé! Ai! Bahia de Todos os Santos, o […]
Essa Negra Fulô (Jorge de Lima)
Originalmente, “Essa Negra Fulô” foi composto e publicado anos antes dos “Poemas Negros”(1947) e acrescentado à coletânea posteriormente. ESSA NEGRA FULÔ Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no banguê dum meu avô uma negra bonitinha chamada negra Fulô. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala […]
Poemas Negros – Jorge de Lima – Questões
Sobre o livro Poemas Negros Autor: Jorge de Lima O acendedor de Lampiões – questões – pág.1 Poemas Negros – Jorge de Lima (vÃdeo) – – – – – – – – – Questões: 1. (FATEC) Sobre o livro Poemas Negros, de Jorge de Lima, é correto afirmar que: Apresenta poemas macabros, byronianos, procurando, em pleno modernismo, […]
Olá, Negro! (Poemas Negros – Jorge de Lima)
OLÃ! NEGRO Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos e a quarta e quinta gerações de teu sangue sofredor tentarão apagar a tua cor! E as gerações dessas gerações quando apagarem a tua tatuagem execranda, não apagarão de suas almas, a tua alma, negro! Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi, negro-fujão, negro cativo, negro rebelde […]
História (Poemas Negros – Jorge de Lima)
HISTÓRIA Era princesa. Um libata a adquiriu por um caco de espelho. Veio encangada para o litoral, arrastada pelos comboieiros. Peça muito boa: não faltava um dente e era mais bonita que qualquer inglesa. No tombadilho o capitão deflorou-a. Em nagô elevou a voz para Oxalá. Pôs-se a coçar-se porque ele não ouviu. Navio guerreiro? […]
Banguê (Poemas Negros – Jorge de Lima)
BANGUÊ Cadê você meu paÃs do Nordeste que eu não vi nessa Usina Central Leão de minha terra? Ah! Usina, você engoliu os banguezinhos do paÃs das Alagoas! Você é grande, Usina Leão! Você é forte, Usina Leão! As suas turbinas têm o diabo no corpo! Você uiva! Você geme! Você grita! Você está dizendo […]