IdÃlio (Antero de Quental)
IDÃLIO
Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lÃrios e boninas,
E galgamos dum fôlego as colinas
Dos rocios da noite inda orvalhadas.
Ou, vendo o mar das ermas cumeadas
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruÃnas
Ao longo, no horizonte, amontoadas:
Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão e empalideces.
O vento e o mar murmuram orações,
E a poesia das coisas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.